Crescer,
no sentido de evoluir pessoalmente, é uma tarefa árdua. Porém, é uma decisão
sábia. Portanto, creio que seja possível, durante esta crônica, utilizar o
conceito de que nos parecemos com um pedaço de madeira bruta, o qual depois do
entalhe torna-se a mais pura arte. Claro que afirmo tal condição tendo em mente
que a arte nasce pelas mãos humanas. Enfim, estabelecido o conceito, o
paradigma e o assunto, penso que posso avançar com minhas considerações tendo
em vista o contexto estabelecido como sendo o norte deste texto. Assim sendo,
escrevo como quem costuma passar boas horas de seu dia conversando com os veios
da madeira que entalho e pirografo. E ao tempo em que busco suavizar as formas e
as linhas e os contornos dou-me conta de que também aperfeiçoo meu ser. Sinto como
se o formão aparasse minhas rugosidades ao instante em que o pirógrafo queima
todo e qualquer resquício que me impeça de evoluir em direção ao
aperfeiçoamento. Entre um café e outro: observo o resultado e me sinto como
quem busca um caminho evolutivo confortavelmente proveitoso. Sou o filho do
aço, a veia da árvore e o calor do amor pela arte que sempre me arrebatou e que
me mantém como aquele menino que investia suas forças em caminhos que para
muitos são designados como sendo impossíveis. Agradeço por isso e quando chego
ao final de mais um dia de trabalho consigo recostar minha carcaça em minha
poltrona e sorrir, tal qual o menino que jamais abandonarei mesmo que os anos
passem e minhas feições exteriores não sejam as mesmas.
O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!