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O ser e a madeira


Crescer, no sentido de evoluir pessoalmente, é uma tarefa árdua. Porém, é uma decisão sábia. Portanto, creio que seja possível, durante esta crônica, utilizar o conceito de que nos parecemos com um pedaço de madeira bruta, o qual depois do entalhe torna-se a mais pura arte. Claro que afirmo tal condição tendo em mente que a arte nasce pelas mãos humanas. Enfim, estabelecido o conceito, o paradigma e o assunto, penso que posso avançar com minhas considerações tendo em vista o contexto estabelecido como sendo o norte deste texto. Assim sendo, escrevo como quem costuma passar boas horas de seu dia conversando com os veios da madeira que entalho e pirografo. E ao tempo em que busco suavizar as formas e as linhas e os contornos dou-me conta de que também aperfeiçoo meu ser. Sinto como se o formão aparasse minhas rugosidades ao instante em que o pirógrafo queima todo e qualquer resquício que me impeça de evoluir em direção ao aperfeiçoamento. Entre um café e outro: observo o resultado e me sinto como quem busca um caminho evolutivo confortavelmente proveitoso. Sou o filho do aço, a veia da árvore e o calor do amor pela arte que sempre me arrebatou e que me mantém como aquele menino que investia suas forças em caminhos que para muitos são designados como sendo impossíveis. Agradeço por isso e quando chego ao final de mais um dia de trabalho consigo recostar minha carcaça em minha poltrona e sorrir, tal qual o menino que jamais abandonarei mesmo que os anos passem e minhas feições exteriores não sejam as mesmas.

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Estou em paz

Ando em dois mundos e agora estou distante da mata mais verde que já vi O vento castiga minha face e afaga um varal colorido que tremula Sinto que minha alma revive O cheiro do monóxido de carbono carimba meu pulmão E um pássaro canta no alto de uma árvore Contudo, sem asas, porém, também divino, um mano desconhecido corre o olho pelo trampo Sei que a calçada me abriga desde muito jovem Seja palavra Seja tinta Seja madeira Seja ferro, fogo ou brasa O que mais importa é ser Ser como se nasceu Honesto consigo e o mundo em nossa volta E ao tempo em que me sirvo da situação e anoto, estou em paz comigo mesmo Estou livre Estou participando da mudança Estou em casa Estou na rua Estou esparramando um tanto do que brota em meu coração E olhando o varal e coringando o pano, sei que ando em dois mundos Com os mesmos pés O mesmo espírito A mesma alma E a mesma satisfação de ser

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O serviço começou com o enterro do contato. Quem entregou o dinheiro nunca voltou para casa. E o atirador deu um cuspe em cima da terra que usou para cobrir o corpo. Quem pagou não falou com ele. E quem foi fichado em sua caderneta não sonhou de noite. Uma bala. A cabeça de um lado. E o corpo do outro. Como sempre!

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