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Mostrando postagens de julho, 2023

Alquimia em vaso

Este ano, fiz uma experiência. Transplantei as plantas envasadas durante as águas de março. Meu objetivo era aproveitar as estações mais amenas para intervir e recuperá-las com tranquilidade. As plantas estão sadias, com folhas verdes e galhos longos, arqueados e sinuosos. Encontrei um bom número de gemas latentes e confio que a primavera será cheia de novidades. Enfim, só me resta esperar e agradecer.

Quem tem uma lona, tem tudo

Esta semana tive algumas experiências que me deixaram surpreso. Pois, me dei conta de que estava acelerando meu dia e não gostei de constatar tal fato. Quando a gente corre demais abdicamos da reflexão e nos tornamos massa de manobra. Então pensei, não posso me deixar levar, porque me recuso a entrar em tal órbita. Acho que a sociedade moderna tem transtorno de atenção e muita pressa. Só que eu decidi trabalhar com arte e estudar alquimia justamente para não precisar compactuar com este tipo de comportamento. Em meu modo de ver, a conduta moderna é, na maioria das vezes, uniforme. E sempre que a gente age, estamos influenciando a vida dos demais e nem todo mundo atua como quem entende que não está sozinho no mundo. Eu me pergunto: mas, afinal de contas, estão participando de tal jogo por quê? Deve ser por conta da tal aposentadoria, que chega na hora em que a gente vai morrer de velho, mas acaba nos matando de fome. Você já deve ter ouvido alguém dizer: quem corre muito não transa e nã

Galeando

Estava limpando meus livros quando me deparei com uma obra fantástica: O Livro dos Abraços de Eduardo Galeano. Uma de minhas leituras favoritas. É uma edição da L&PM de 1997 que carrego dentro de minha mochila. Gosto de ler pequenos trechos sempre que tenho um tempo e desde que comprei este livro nunca me separei dele. É uma obra que fala de sonhos e memórias. E que se apresenta dividida em pequenas passagens. Vejo este livro como uma obra que fala da América Latina e seu povo. Acho que é uma leitura com capacidade para mexer com os sentimentos de qualquer um. E como sou um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso como cantou Belchior me identifico muito com as passagens que compõem tal livro. O Galeano chega ao meu coração com maestria em tal obra. E certamente é uma das leituras mais aconchegantes que já experimentei. Quando penso em literatura feita na América Latina o nome de Galeano é um dos primeiros que ocupa minha mente. E o Livro dos Abraços aviva-se automaticamente em

Sabedoria alquímica

A alquimia não ensina como ganhar dinheiro. Ela oferece um saber muito maior, profundo, amplo, que apanha toda e qualquer situação da vida. É importante dizer, que tal sabedoria se manifesta no ato de cozinhar; ao instante de criar uma composição bacana e desenvolver um chá saboroso; ou mesmo no momento de cultivar uma planta etc. Como dito: é um aprendizado para toda hora que, além de nos trazer um maior grau de erudição, também, fortalece nossa inteligência emocional e nos livra de toda e qualquer dependência ou interferência exterior, porque nos ensina sobre o que é imprescindível e libertador . Um fato relevante, sob tal ótica, é saber que vivemos um momento em que a energia individual e coletiva está cada vez mais solidificada, pois, conforme a tecnologia avança, nos afastamos da natureza; da simplicidade; dos astros e de todo e qualquer conhecimento proveniente da poderosa inteligência natural , que antes de tudo, não é gananciosa. Tal fato ocorre porque ao tempo em que o m

Eu e o saxofone de Charlie Parker

The Byrd é uma de minhas músicas preferidas. Acho incrível o que Charlie Parker consegue fazer com um saxofone em tal canção. Em meu modo de ver ele é um dos melhores músicos de Jazz que o mundo já ganhou. Curto preparar um café e ouvi-lo enquanto trabalho. Nietzsche disse que a vida sem música é um erro. Concordo com ele. A música me acompanha sempre. Lembro de quando comprei meu primeiro fone de ouvido. Senti como se pudesse viver em um mundo muito mais civilizado e feliz. E como revisor de textos, posso dizer que depois do dicionário, o fone de ouvido é meu principal instrumento de trabalho — rs.

Minha lona é minha casa

Vi o sinal de chuva no horizonte. Era um bom lugar para acampar e minha mochila estava lotada de mantimentos. Estiquei a lona. Fiz fogo. Enchi um caneco com água que colhi em um córrego intocado. Pendurei a rede e deitei. Havia um pássaro que cantava no alto de uma paineira. Senti como se minha presença fosse abençoada pela inteligência natural. Quando a água esquentou aproveitei para fazer um café. Bolei um cigarro de palha e fiquei olhando a chegada da chuva. Os pingos na lona pareciam música para meus ouvidos. Eu me sentia parte do ecossistema que me rodeava. A minha mente estava em paz. E o meu coração sossegado. Eu nunca tenho pressa. Afinal de contas, minha lona é minha casa. E o mundo é um lugar imenso e cheio de lugares especiais para que a gente possa repousar e renovar a alma.

O “Uivo e outros poemas” de Allen Ginsberg

Allen Ginsberg é um poeta que rompeu com todos os valores sociais de sua época quando escreveu Uivo e outros poemas. Lembro do momento em que o li pela primeira vez. Posso dizer que fiquei boquiaberto. Tamanha sua habilidade e fúria ao escrever. Senti como se cada palavra ecoasse em meus ouvidos. Igual um sino gigantesco com capacidade de chamar atenção do mundo inteiro a partir do seu soar. Enquanto poeta e agitador cultural, Ginsberg chocou a sociedade com suas narrativas e seu estilo de vida durante a década de 50. Não por nada é considerado um dos maiores expoentes da Literatura Beat . Movido a drogas e um modelo de escrita libertino no sentido semântico e também estilístico, tal autor não passou em branco pela opinião pública. Muitos conservadores o odiavam e muitos jovens inspiravam-se em suas obras e atitudes. Tenho convicção de que o sentimento de aversão ao establishment que compunha a obra me cativou desde o início. E a ideia de pegar a estrada se fixou em minha mente a