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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

Existe um desespero evidente

Chamar atenção é a cultura do momento. Muita gente se perde enquanto tenta angariar popularidade. Antigamente, costumava escrever histórias em canais de comunicação em que o texto e a reflexão não eram a prioridade. Levei um certo tempo para alcançar que estava deslocado e aceitar que frequentava o espaço errado. E durante muitos dias de minha vida fiquei sem entender algumas reações em minha volta. Embora formado em comunicação social sempre achei que os textos e os contextos eram autoexplicativos. Porém, me enganei. E quando me dei conta disso comecei a pensar em todos os dados que tinha enquanto editor de livros. Lá pelas tantas tive de dar o braço a torcer e entendi que não temos 5% de pessoas capazes de identificar o que é ficção e o que é realidade. Claro que um país que lê tão pouco não está preparado para debater e entender muita coisa. Contudo, a partir do momento em que parti para publicações manuais e passei a veicular minhas obras no meu tapetão de andarilho tudo mudou. Fiq

Caiu uma chuva pesada esta noite

Sinto cheiro de terra molhada misturado com fuligem. Está quente e úmido. Parece que a casa é uma panela de pressão cozinhando feijão. Abro todas as janelas na esperança de que o ar refrigere tudo, até minha alma. Tomo um gole de água bem gelada e sinto um pouco de vento frio correr pela casa e me sinto agraciado por um milagre. As nuvens estão carregadas e prometem mais chuva. Hoje não tem mangueio, penso. Olho para as madeiras gradeadas na oficina e sei que não tenho como pirogravar mais nada porque estou com a sala de pintura lotada de peças. Apanho uma xícara com café e ligo o computador. Me sirvo de um careta e abro a porta da oficina para que o ar circule. Ao tempo em que o sabor do café se mistura ao tabaco acompanho um homem magro e alto que sobe a lomba ao lado de seu cachorro. Os dois andam com paciência. Nada pode separá-los, nem os carros apressados que voam como se fossem aviões. Penso um pouco sobre a cena que vejo e tenho a mais absoluta certeza de que os dois não estão

A paz

Anoto muitas linhas em meu caderno ao tempo em que vago pelas praças da cidade. Encontrei minha paz de novo. A mesma que tinha com 18 anos. Consegui um tanto de solitude e também um pouco de verdadeira companhia. Ao trocar ideias e expor meu trampo resgatei o único modo de vida que conseguiu completar meu ser. Acho que é isso que mais conta em nossa existência: trilhar um caminho que possa verdadeiramente sossegar o nosso coração.

Olhei pela janela e senti o mormaço que invadia o ambiente

O dia era mais quente do que o normal. Fevereiro dava mostras de que o sol podia fritar qualquer coisa. Até miolos. Então o meu senso de felino se manifestou e tive a impressão de que deveria fazer o mangueio com inteligência. Catei uma dúzia de livros de bolso e soquei na mochila. Conferi as tralhas e vi que estava tudo preparado. Saí fumegando ao tempo em que sentia o calor que subia do asfalto. Acho que essa porra vai derreter, pensei, imaginando uma gelatina pegando em meus pés. Andei até a Primeiro de Maio, sentei no banco, descansei alguns segundos até que o suor secasse em minha pele e grudasse a camiseta em meu corpo. Bebi um gole de água e rapidinho estava com o varal esticado. Contei as peças e tinha um bom volume, mais de 40. Saquei um livro como se fosse um 38 e comecei a ler. Não demorou muito e alguém parou, você vem sempre aqui, né?!, disse, em um misto de pergunta e afirmação. Aham, venho sim, respondi. Gosto do seu trampo, falou. Vi que era um moleque da baixada da Gló

É uma segunda-feira com cara de domingo

Estou de folga porque trabalhei durante o final de semana. Acordei no mesmo horário de sempre e fiz um chimarrão dos bem cevados e me plantei aqui diante de meu computador e fiquei olhando algumas plantas que tenho em vasos e senti a vontade de escrever um pouco sobre elas. Estas plantas em específico estão completando 10 anos. Estão bonitas. Há uns 4 anos comecei a reduzir o tamanho delas para que se acomodassem melhor aqui no espaço disponível. Aos poucos estão se tornando bonsai. Alguns extremamente bonitos. E uma coisa que reparei foi que o cultivo foi moldando cada uma delas sem pressa e me sinto recompensado. Acho que o segredo da vida é dar tempo ao tempo e não estipular metas com base em realidades muito longe da que temos. Um traço que não pude deixar de notar ao tempo em que olhava para elas é que estão muito parecidas com aquelas árvores imensas e antigas que a gente encontra ainda em pequenos bolsões verdes e me encantei com tamanha formosura. Pretendo manter o cuidado com