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Mostrando postagens de abril, 2021

Sobre afinidades e intolerâncias no mundo líquido

Andei lendo notícias em grandes veículos da internet a respeito das políticas de uso e algoritmos vigentes em plataformas sociais que taxam conteúdos de mesmo cunho com dois pesos e duas medidas. É um assunto que ganha mais espaço a cada dia porque delibera sobre as individualidades e seus universos e contextos. A partir do momento em que nossas relações estão fundamentadas em identificações e afinidades, embasadas nos valores de cada um, nossas subjetividades assumem caráter de proximidade ou de afastamento conforme nos reconhecemos ou não nos outros. Tendo em vista que nossas posturas compreendem o campo de nossa convivência, tudo que não apanha nosso contexto se torna inexistente ou inaceitável a partir do sentimento de estranheza que pode transformar-se em intolerância com extrema facilidade. Atualmente se fala muito a respeito da felicidade exagerada. A qual é identificada como histeria nas mais diferentes redes sociais e nas quais algoritmos privilegiam postagens de cunho feliz

Eu e o tempo (em algum lugar entre o tempo e o nosso tempo)

Esta é uma reflexão profunda. Através da qual, pretendo ligar muitos pontos. E estabelecer uma linha de raciocínio a partir de minhas experiências e inquietações. Espero cumprir meu objetivo da melhor forma possível. A ideia é escrever sem prestar atenção no tamanho do texto. Quando escrevemos em tom intimista e confessional, não se pode atropelar o desenrolar dos fatos imprescindíveis a uma relação mais próxima e mais honesta. Afinal de contas, não se lê com pressa, assim como não se escreve com pressa. Em meu modo de ver, o ato de viver com mais qualidade de vida está diretamente ligado à nossa disponibilidade de tempo e o cultivo das humanidades. Tenho lido muito nos últimos dias. Sinto que aos poucos estou conseguindo organizar meu tempo em relação aos afazeres do cotidiano e voltar a ler uma média de 4 livros mensais. Espero manter essa marca, embora saiba da dificuldade que envolve minha aspiração. Há três anos que me divido entre o trabalho com literatura e meu minhocário. E o

Um pouco de luz dentro e fora da caverna

Acredito que é preciso desenvolver uma cosmovisão do todo. Então, imagine-se dentro de uma fenda rochosa. E que você está reunido com seu clã e se sente em segurança. Todos estão ao redor da fogueira enquanto a fumaça e o calor do fogo transformam a carne para ser consumida e armazenada. É uma boa quantidade de carne que será somada ao tanto de frutas e raízes coletadas. Algumas frutas e raízes serão consumidas imediatamente e a maioria delas serão desidratadas e preparadas de várias maneiras também pela fumaça e o calor do fogo. O que rege sua vida não é o capital, mas a natureza. Ela é o único governante. Um governante que se manifesta através do som e da energia que emana. Essa energia é o raio. O raio que se mostra no céu e que ao tocar o chão produz fogo. A única energia disponível. Pense que embora você tenha domínio sobre o fogo e possa fazer com que o mesmo se torne presente em diferentes lugares, dentro ou fora da caverna, você entende que não pode fazer uma fogueira no alto d

A descontextualização da realidade e a dificuldade de interpretar

Estou com esse assunto em minha mente já tem alguns dias. E hoje fiz um café e sentei diante do computador para escrever a respeito. É uma crônica um tanto crítica que sinto necessidade de compilar por conta do que observo nos últimos tempos enquanto analiso a minha condição de brasileiro que curte ler e escrever e que sabe que não temos intimidade com a literatura de modo geral. O índice de leitura é baixo em nosso país e o meu objetivo discursivo é abordar a questão com o máximo de atenção e cuidado para ampliar o entendimento. Inclusive, a palavra crítica carrega uma carga negativa que não compartilho, pois a vejo em tom de diálogo e por isso sinto tanta necessidade de pensar sobre o assunto. Como observador, tenho de dizer que a descontextualização que toma conta de nós enquanto indivíduos é enorme se levarmos em conta que atualmente somos todos autores devido ao grande advento da internet que nos deu a possibilidade de fazermos postagens instantâneas em plataformas sociais atrav

A pessoa e a palavra

Absorvi tudo que pude e com o tempo tornei-me o conjunto das realidades com as quais dialoguei sociologicamente. Sou fruto da soma do que vivi e formei-me em um mundo de contato. Convivi com pessoas das mais diferentes tribos. Portei-me da maneira como aprendi em minha casa, “Saber nunca é demais”. E isso não envolve apenas o conhecimento formal ou acadêmico, mas também o conhecimento que o povo usa em seu cotidiano. Costumo dizer que fui gerado no útero de minha mãe e cresci no mundo como ele é. Aprendi em minha casa que, “Respeitar os outros é muito importante”. E não digo isso como algo que me dê nenhum tipo de superioridade em relação aos demais. Ao contrário, acho que foi justamente a soma de uma grande gama de conceitos e experiências que me fez receptivo. Acho que a gente precisa ter contato com o mundo do outro para compreendê-lo como devido e sair da superficialidade das análises frias e distantes das realidades. Falo isso porque em minha ótica vivemos em um mundo cheio de g

O coringa do baralho

Eu poderia fazer um texto longo explicando por qual motivo ainda não temos um processo de impedimento em andamento com relação ao nosso presidente. Mas, não cairei neste erro, porque passar o tempo todo explicando que bolacha redonda não tem canto já perdeu a graça em minha ótica. Então serei direto: o processo não anda por conta de que não pode respingar nada de responsabilidade nos tubarões que o apoiaram ou que ainda tem algo a ganhar com tudo isso. O sistema é o sistema. Envolve política, capital e mídia. Como disse Raul, “Tem gente que passa a vida inteira/ Travando a inútil luta com os galhos/ Sem saber que é lá no tronco/ Que está o coringa do baralho”.

Andava pelas coxilhas com uma dupla de mulas muito bem domadas

Encilhei a Sorte como ponteira e alcei a Luz de cargueira. Fui até o rancho do Osvaldinho porque precisava de banha de porco para cozinhar e mais umas coisinhas e me peguei de noite em meio ao caminho de volta. Trocamos alguns mantimentos na maneira de brique, como se diz por aqui, nesse fundão de mundo, mas não tivemos muita conversa. Desde a saída a minha ideia era ir num pé e voltar na pata da mula, como diz o ditado. A distância a ser percorrida era relativamente grande. Ainda faltava um bom trecho pelo meio do campo nativo até chegar em casa e eu tinha em minha mente que já estava mais ou menos na metade do caminho. Acendi um palheiro e me concentrei em achar a posição da lua e das estrelas para não perder a direção, mas a noite era escura e não se via muita coisa no céu por conta do nevoeiro. Contudo, já havia feito este caminho milhares de vezes durante minha vida e me sentia bem tranquilo com a situação porque andava pelas coxilhas com uma dupla de mulas muito bem domadas. E qu