Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho, 2020

Quando chega a hora de comer um bolinho com mel e esperar pela chuva

o vento assoviava e de longe eu via, que o tempo não brincava e levantava as nuvens. até redemoinho tinha, bem no meio da estrada, lá no cruzo das 4 bocas. eu não tinha outro escape e para me esconder da chuva, bati na porta do Vivente. o Vivente é boa gente e meu amigo em quantia. já de saída serviu um bom tanto de bolo frito para comer com mel e um verde bem cevado. e foi assim que passei, um dia inteiro, contando e ouvindo causos. pois é, a vida no cruzo das 4 bocas é bem mais vagarosa. e depois, bem como disse o Vivente: um condão de prosa é o melhor jeito de passar o tempo e esperar pela chuva.

O pastor de ovelhas

eu peço ao cão, chama-me para fora de minha tenda! quero luz e força, alegria e couraça. vou derrubar a tristeza e seguir minha caminhada. quero um banho de sol e um momento em meio a um campo de flores silvestres. quero poesia em meu dia e um tubo de força, para que o mal não me alcance, não me prenda e não me amedronte. eu peço ao cão, que me habita, para que me guie pela trilha da luz e mantenha minha fé em vigília.

Coração a mil

calma aí, doutor, cara feia na lomba é sinal de fome! é foda pensar, que essa situação, ainda, vai longe. o povo na pior e todo mundo de braço cruzado, cadê o Estado? que bagulho zoado! fala aí, doutor, cadê o Estado? por aqui ninguém viu, só ouviu o assovio. esconde aí, porque é som de bala. tiro de oitão e rajada de fuzil. coração a mil... a mil... a mil... a mil...

Amor é rap (Poesia de graça)

quando penso em amor eu nunca sei se o sonho era seu ou meu eu vejo o mundo mais colorido depois de um beijo seu escuto a batida do peito e ouço na lata um grande amor vale tudo mais que ouro e prata ando enrolado olhando para o céu eu vejo mel eu curto você e o Tim Maia pra dedéu é como eu digo, seu Manuel: de poesia eu não entendo nada e sinto muito eu sinto o sol e o calor sou feito de rima e alegria pois o homem que caminha também encontra flor o seu amor parece som de rap me chama para dançar poesia e me enlouquece

O cotovelo do Milo

Para que você compreenda este texto, Milo é um nome fictício que estou dando para um filósofo que se diz de esquerda, mas que certamente não é de esquerda, e que tem um canal no you tube. Alguns de seus seguidores o comparam ao Millôr Fernandes, com o objetivo de elogiar seus aforismos. Meu objetivo não é atacar o indivíduo, tampouco a esquerda, desejo apenas contrapor a postura de Milo. Tomo este cuidado porque tudo que motiva esta minha crônica e esta decisão tem relação com detalhes que no decorrer do texto tentarei elucidar com precisão. De uns tempos pra cá, eu que sou de esquerda e sempre serei, andei acompanhando mais de perto alguns canais no you tube que abordam como temática a política, até por conta da quarentena. Confesso que prefiro ler ao invés de assistir vídeos, mas dei um voto de confiança porque vi muitas pessoas elogiando o Milo, fiquei curioso e fui pesquisar. Vi muitos de seus vídeos e embora seja possível perceber que o canal possui muitos seguidores e que o M

Uma crônica positiva

Quando a internet surgiu, todo mundo que queria publicar aumentou suas chances de fazê-lo. Autores passaram a escrever com outros autores em blogs e também em publicações independentes. Creio que a tecnologia forneceu ótimas ferramentas para tanto. Hoje eu leio gente que conheci há mais de uma década. Muitos me ajudaram a publicar e muitos outros dividiram publicações comigo. Eu acho isso muito legal, porque gera a abertura do mercado editorial. A literatura certamente é um aspecto que fomenta a cultura de um país e o leva para frente. Percebe-se que o mercado como um todo está mais aberto. Hoje, temos acesso a livro físico e e-book também. A onda do momento é cooperar ao invés de competir. Os resultados desta ótica refletem-se positivamente no mercado. Uma boa olhadela pela internet revela muita gente escrevendo bem. E quando olho para trás, sinto que muita coisa melhorou, embora este momento difícil pelo qual estamos passando enquanto brasileiros. Tenho uma visão positiva, quanto

Eu e as máquinas

a máquina de moldar pensa que estou bravo, quando ouço Racionais, que levei um fora de meu amor, quando escuto algo mais sutil... que estou assaltando um banco, quando escrevo sobre bandidos e que estou me ferrando, quando digo: “que a vida é foda, dura e boa” enfim, não sei ao certo, que máquina é esta, que pensa, faz contas e códigos, mas que nada aprende sobre meu modo de sentir aliás, sendo honesto, boa mesmo: é a minha máquina de escrever, que me recebe, me ouve, me abraça e me salva todo dia, como nenhuma outra é capaz de fazer

Azul

há muito que não via um céu assim: azul, mas tão azul, que parece colorido

Vacina

dia de pandemia no Brasil dia de agonia e lá se vão mais de 100 dias trem lotado coração apertado corrupção ativa na rima do dia só cabe esperança e empatia a única vacina

Pequena crônica de trabalho

Quando um artista assume-se como operário, muda seu posicionamento e começa vender a maior parte do que ele produz: muita coisa muda. A despensa enche, as contas ficam em dia, o coração sossega e a alma se fortalece. Os dias se tornam melhores, o sol fica mais quente, a chuva ganha uma aparência leve e tudo se transforma em algo mais terno e mais profundo. O caminho floresce, a inquietação some e o silêncio liberta.

Fora do mundo

Sou um sujeito deslocado no mundo atual. Sou do tempo em que a gente ia até a casa dos amigos para falar com eles. Passei pela revolução do telefone em um tempo em que a gente ligava para falar com quem gostávamos. Depois chegaram os celulares e as mensagens de texto e era comum enviar algo do tipo, “como vai?”. As coisas foram mudando e chegamos ao ápice da tecnologia em que se pode comunicar facilmente com qualquer um através de várias formas. Porém, hoje em dia, não temos mais uma relação direta, estamos na era dos “contatos”. Quando penso um pouco sobre isso me dou conta de que no século XXI a vida do outro não tem valor e tal conceito se reafirma na pandemia de Covid-19. É bem verdade que tudo isso começou muito tempo atrás. Enfim, vejo a chegada do futuro e assisto ao crescimento da indiferença. Até por que, hoje em dia, quem fala sozinho não precisa ir ao psicólogo. A sociedade do cansaço é real. Não por nada, eu falo sobre interação e o mundo pensa em autoestima.

Poema natural

a natureza nem sempre consegue tocar o coração de todos mas certamente consegue chegar a todo e qualquer corpo e isso é um fato na vida e um fato na morte

Forever

por sorte da vida fora feito de novo e passado e repassado pelo meio das engrenagens ele fora amassado destruído e refeito ele ganhou uma nova liga e fora provido na fábrica pelas mãos de um homem cidadão ele fora forjado depois das 18h e eu o vejo de um novo modo eu sei que nada é como foi um dia e vejo um pedaço de aço pronto para aguentar mais peso e mais pressão

Crônica da chuva

Faço um café e sento ao pé da janela. Observo o vento que balança os galhos das árvores com suavidade. Os pingos de chuva molham a grama e todo jardim. Ponho mais um pedaço de madeira no fogo e deixo um punhado de pinhão fresco sobre a chapa do fogão movido com lenha. É um instante mágico, embora solitário. Sinto meu âmago mais forte. Meu coração está sossegado como há muito tempo não percebia. Preciso de certo isolamento para lidar com o mundo. Não me agrada a ideia de expor-me em demasia. Aprendi com o tempo que é preciso cuidado no momento de mostrar a alma. Penso no futuro e não sei ao certo qual é o caminho para além do meu. Sei apenas que escolhi uma vida simples, pois o caos urbano me desloca com relação aos anseios cultivados tão logo penso no meio de vida capitalista. Tentei dialogar durante certo tempo, mas aboli tal sentimento, quando percebi que meus valores surtiam impressão de afronta.

A carta

Quando o Dick foi trancado naquele quarto, conseguíamos ouvir seus gritos. Ninguém podia fazer nada por ele. O sequestrador carregava uma marreta em suas mãos. Não sabíamos ao certo o que acontecia. O fato é que estamos presos aqui há dias. Acho que é uma fábrica abandonada. Somos quatro pessoas e todos estamos baleados em uma de nossas pernas. Não temos noção de quanto tempo ficaremos vivos. Tento ajudar aos demais, mas não sei como. Já não tenho mais esperanças em voltar para casa e ver minha família. Então escrevo esta carta de despedida, talvez, a polícia ou alguém descubra o nosso paradeiro um dia e compreenda o que aconteceu com a gente.

Pedido de Socorro 01

O paradigma do mundo é escrever como alguém inofensivo ao sistema. E desde que fomos invadidos pelos habitantes do planeta 08, a nossa situação é complicada e temerária. Nós, os escribas, estamos sob constante censura. É preciso ter muito cuidado no momento de redigir um livro ou qualquer tipo de notícia que seja. O Jornal Interestelar fora fechado. A Biblioteca Espacial fora queimada. Estamos sob forte coerção e esperamos que alguém receba esta mensagem e encaminhe socorro. Desde já, agradecemos a todos pelos esforços.