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Mostrando postagens de agosto, 2021

Com todo respeito

Eu ainda acredito no amor Mesmo que no mundo Ainda exista muita dor Sou chapado de poesia E viciado em rima Sou doutor da alma E vivo como se fosse flor Ando de dia e de noite Sempre na mesma trilha Não corto caminho Nem engasgo no verso Agora é minha vez de rasgar o verbo Conheço muitas histórias reais Que rolam em telejornais Sei que tem fome no mundo E muita promessa sem paz Já vi muito defunto Que achava que não podia virar presunto Sendo alocado em sete palmos Embaixo do mundo O mundo é imundo Mundo Mundo Mundo louco de roleta-russa Um tiro de fuzil E muito sangue na blusa Meu Deus Meu Deus Me acuda E quem puder Que chame seu Buda Vejo gente negligenciada o tempo todo Enquanto os caras que comandam o Estado Andam de avião e terno fino o dia todo Se fazem de loucos E a população se vira Para engolir tudo que é tipo de osso É pouco É osso É pouco É osso Dizem que a população tem que comer é bala de fuz

Embaixo do sol

O sol estava quente e o vento soprava com força. Tragava um careta e pensava em escrever. Sabia que tinha de fazer a lida antes de poder sentar e anotar alguma coisa. Em minha volta, transeuntes e carros disputavam a lateral da rua. Enquanto isso tentava recolher a matéria orgânica com o máximo de cuidado. Queria encher a sacola de rafia até a boca e me livrar de espinhos, aranhas, escorpiões e cobras. Lá pelas tantas, vi que algo se moveu em meio aos galhos. Dei um passo para trás. Traguei fundo e não tirei os olhos do lugar em que vi o movimento. Peguei o facão, que carrego para destrinchar as galhadas, e quando a Cruzeiro colocou a cabeça para fora das folhas, prendi com a ponta do facão. Com cuidado, eu a peguei por trás da sua cabeça. Não sabia o que fazer com ela. Na dúvida a coloquei dentro de uma saca e amarrei para que não me fizesse nenhuma surpresa. Tomei o rumo de uma estrada de terra. Andei até bem longe do perímetro urbano e a deixei em um capão de mato. Ela também é um s

Se eu não escrevesse seria internado em um sanatório

Viver em um mundo controlado por robôs é um saco. Não tem nada pior do que a falta de privacidade e a companhia incessante de um perfilador. Ao menos em minha ótica. Tenho 43 anos e escrevo desde criança. E sempre aprendi com escritores mais renomados do que eu que escrever ficção não tem compromisso com verdades ou mentiras. Fui treinado para escrever com toda força que tenho em meu âmago. A literatura para mim não é limitante. Ao contrário, é libertadora. Acho que a pessoa que vive presa em uma coleira acaba enlouquecendo. E quando comecei a escrever eu me amarrei na possibilidade de romper com a realidade. Com o certo e o errado. Sou um homem honesto. Sou trabalhador. Sou ético. Mas, quando eu escrevo, não tenho compromisso com o homem que me habita e, tampouco com os robôs que me cercam, pois no momento de escrever, sou fiel à literatura e nada mais.

Quem é trabalhador não tem tempo a perder

Esta crônica é o resultado de uma sequência de fatos ocorridos durante esta semana. Na terça-feira, houve um temporal danado aqui em minha cidade. Choveu granizo de balde, como se diz. Aqui em casa, chegou ao ponto de entrar água porque a rua parecia um rio. E o sol só apareceu hoje. Muitas pessoas tiveram prejuízos enormes por conta da chuvarada que perdurou por todos esses dias. Aqui em casa, tive mais sorte, neste sentido, tive apenas de fazer uma baita faxina dentro e fora e realizar pequenos consertos que eu mesmo fiz. Em primeiro lugar, quero destacar que no dia do temporal, logo no início da semana, meu celular não completava as chamadas que eu realizava. Contudo, o telemarketing do capeta me ligava a cada cinco segundos. Eu querendo saber notícias dos amigos e não conseguia. Queria saber se estavam bem, se precisavam de ajuda. Mas, chegou uma hora em que desisti de tentar. Em seguida, tentei fazer um post no WhatsApp. Pensei, vou divulgar minha literatura hoje e quando o

A ciência da marreta

Eu me lembro do meu primeiro dia na obra. Coloquei o macacão da firma e me apresentei. Via em minha frente, um homem enorme, ele tinha uma raquete de 40 cm de palmo, a contar de dedo a dedo. “bom dia”, falei. “tem que derrubar essa coluna, porque aqui, só é preciso uma e têm duas; vou explicar como deve usar a marreta”, disse. “não precisa, é só bater até despedaçar”, respondi. “acha que a coluna é de tijolo maciço ou furado?”, perguntou. “acho que é maciço”, falei. Ele me olhou nos olhos e não disse mais nada. Comecei a bater com toda a força que tinha, contudo, por mais que eu colocasse ânimo na merda da marreta, não conseguia arrancar, nem mesmo um pedacinho dela; passei quase um turno inteiro numa pancadaria federal e nada. Perto do meio-dia, o homem da raquete, o cara que não usava uniforme, o mão-pesada, chegou pra ver o meu serviço. “e então, descobriu do que é feita essa coluna?”, falou. “não sei”, respondi, eu tive de admitir. “é de concreto e ainda t

Vida real

Ontem, pela manhã, encontrei um amigo de longa data. Há muito tempo que não o via. Como sempre, mantivemos distanciamento, conversamos ao ar-livre, usamos máscaras, enfim, sustentamos o protocolo adequado em relação à pandemia. Ele me contava que andava batendo cabeça por conta da postura das redes-sociais atreladas ao executivo Zuckerberg. Enfim, meu objetivo não é massacrar o executivo ou seus usuários, apenas abordar alguns pontos, sobre a conversa que tive com meu amigo oculto, que prefere não ser identificado. Durante a nossa prosa, ficou claro que, tanto ele, quanto eu: não entendemos como um executivo de ponta, como já ouvimos muita gente chamando, tem tanto problema ou falta de escrúpulos com os dados alheios. A falta de segurança em seus empreendimentos é assustadora. Ao mesmo tempo em que tudo é moldado e cheio de etiquetas — leia-se cerimônias — o homem não consegue ter cuidado com seus usuários, embora fale disso em muitos momentos e veículos de comunicação. Chegamos à conc

A vida pode simplesmente fluir

Nos últimos tempos tenho pensado na vida e na maneira como as coisas acontecem. Posso dizer que em meu entendimento estamos ligados diretamente com o universo. As coisas fluem no cosmos. Na centelha divina energética. O que houve ontem tinha de haver, assim como o que houve hoje teve de haver e o que haverá amanhã tem de haver. Esta compreensão é algo que tira um peso enorme das costas de qualquer indivíduo que sabe que: deixar a vida fluir não significa cruzar os braços. Tudo é simples. Façamos o que temos de fazer no momento adequado e o universo trará tudo de melhor na ocasião propícia. E não é necessário crer em algo mais do que isto. Não cobrar do outro e não cobrar de si, trabalhar o dia e nossas ações com espontaneidade e generosidade me parece uma grande chave para a vida. A energia gerada pelo sentimento de boa intenção é algo extremamente poderoso que ressoa por todo cosmos e traz uma paz e uma iluminação gigantesca para o nosso interior e transforma o nosso cotidiano de mane

Sobre o cultivo da paciência

Em meu modo de ver, a paciência é uma virtude a ser desenvolvida. Entendo que o tempo e o universo são extremamente afeiçoados a ela. Penso que existe uma ordem natural que vibra por sua própria vontade. Em meu parco conhecimento, nomeio a mesma, como sendo a energia vital. E, desde que tive conhecimento das sete leis universais — que garantem que tudo vibra —, entendi que nada é estático e que toda e qualquer condição vai se alterando naturalmente. Dentro de tantas experiências, no campo do exercício da paciência, destaco o feitio de essências que fornecem nutrientes para o solo e as plantas, porque tal labuta acaba despertando ótimas virtudes durante sua prática. A espera pela fermentação e todo ciclo evolutivo das essências, são momentos nos quais se entende que todo processo tem seu tempo, seu modo e seu período. E, por isso, estou tão achegado com a paciência. A alquimia tem me ensinado que os planos do homem, não estão acima da vibração do universo.

Eu e Baden Powell

Em meu modo de ver, Baden Powell é um violonista sensacional. Escuto seguidamente. E, hoje, enquanto ouvia o mestre, senti vontade de falar a seu respeito e ainda indicar um de meus discos preferidos: Poema On Guitar , lançado em 1968. Posso dizer que a música me acompanha em todos os momentos. Como disse Nietzsche: a vida sem música seria um erro. Concordo plenamente com ele. Ainda mais quando penso em Baden Powell. Creio que um dos maiores músicos que já pisou no Planeta Terra. Nascido no estado do Rio de Janeiro no dia 06 de agosto de 1937 em Varre-Sai. Filho do grande violonista, Lilo de Aquino, começou a tocar com apenas 07 anos de idade, na companhia de seu pai, e mais tarde formou-se na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, cidade na qual viveu desde o início de sua infância. Talentoso como poucos, gravou discos na Alemanha, França e Japão e detém uma das discografias mais essenciais que conheço. Sem mais delongas digo que nada do que eu fale pode representar este grande

O seu Nique é um grande amigo

Sempre que o vejo tenho a oportunidade de aprender. Hoje, bem cedo, conversamos a uma boa distância por conta da pandemia. Havia um espaço de uns 3m entre a gente e duas máscaras em nossos rostos. Embora tenha recebido a primeira dose da vacina e o amigo esteja imunizado ainda seguimos as medidas apontadas pela OMS. E o que me chamou atenção no encontro de hoje foi que falamos a respeito do silêncio. Seu Nique me contava que a maioria dos intelectualizados falam pouco, pensam muito, leem mais ainda e anotam tudo, mas raramente expõem suas reflexões em todo e qualquer lugar. Com seu jeito meigo e sereno seu Nique me esclareceu dizendo que o conhecimento ou mesmo a troca de ideias são algo que os interessados buscam e que ficar semeando qualquer um destes dois ao sabor do vento pode trazer aborrecimentos. Ele, também, enfatizou que um ambiente hermético é sempre muito mais interessante para um momento de sabedoria e civilidade. Um dos argumentos que usou para sustentar suas colocações